FOTO RETIRADA DE UM EXEMPLAR DA REVISTA ILUSTRAÇÃO BRASILEIRA, PERTENCENTE A LIVRARIA CALIL E SOB ORIENTAÇÃO DE LÍBANO CALIL COM SOLICITAÇÃO PARA A DONA TARSILA ASSINAR
Olá prezada Tarsila, como tem passado? Sobre esta foto, que eu dei a Dona Tarsila: foi em um dia, na minha adolescência, estava com meu pai na Livraria Calil, vi sobre sua mesa, uma enorme quantidade de revistas Ilustração Brasileira, na minha curiosidade fui imediatamente folhear para ver se tinha qualquer coisa que pudesse saciar minha curiosidade. Não deu outra! De imediato abri no meio da pilha, aleatoriamente na página desta foto. Mostrei ao meu pai apontando surpreso, para mostrar meu feito. Esta foi muito boa! Meu pai me falou de imediato: "você irá em sua casa hoje, peça-lhe um autografo na foto. Bom, na hora de sair, meu pai começou a seção de orientações, sabendo, é claro de minha personalidade zoeira. Naquela tarde, Dona Tarsila, como sempre tinha que se arrumar para me receber, ela era uma verdadeira boneca. Do Arlete, sua enfermeira era quem dava todo o toque. Entrei em seu quarto, e notei que ela não estava bem, pois entristecida, assim me falou de imediato, digo, após a tradicional frase, "ah, la vem o nosso Líbano", estou muito triste hoje porque o jornal publicou que eu estava aleijada, não é verdade. Eu respondi que também havia lido a matéria, mas não me preocupou em nada, portanto, eu disse: nem liga para isso Dona Tarsila, bobeira do jornal. Eu mostrei a foto na revista e pedi para ela assinar, ela de imediato, quando olhou, ficou muito surpresa e feliz, disse-me que não sabia da existência da foto. De imediato e muito naturalmente passou a narrar o que representava. Contou que estava em uma exposição sua, na Rua Barão de Itapetininga, com o vestido que mandara confeccionar em Paris, por um importante costureiro, mas que era escandaloso para a época. Ela contou que por esse motivo os estudantes de direito da Faculdade do Largo São Francisco, foram a exposição, com gillettes nos bolsos para retalhar os quadros e também o vestido dela. Ela sem saber das intenções sorrateiras dos jovens estudantes, tratou de atendê-los bem, com sua característica educação. era assim mesmo que me atendia também, não foi difícil de acreditar. Então já na saída os referidos estudantes resolveram confessar suas intenções, mas que não tiveram coragem de executar o plano dada a gentileza com a qual foram tão bem recebidos. A verdade é que Dona Tarsila deve ter contado as histórias de todos os quadros, ela era muito atenciosa. Aparece em alguns livros notas que a exposição foi em Paris, mas tenho uma foto sua, com o mesmo vestido com pose feita em São Paulo mesmo. Fiquei sem coragem de levar de volta a foto, dei-lhe de presente. Neste momento, liga um reporter, jornalista, da Revista Realidade solicitando uma entrevista, lembro que naquele ano estava se comemorando o cinquenta anos da "Semana de Arte Moderna", pois bem, Dona Tarsila negou afirmando em seguida que não iria mais receber nenhum reporter, justamente por causa da matéria no jornal, que não vou reproduzir o nome. Eu lhe pedi que o atendesse, apoiado pela Dona Anete, mas que contasse a história que acabara de me falar. A matéria saiu, eu comemorei, meu pai também ficou orgulhoso pela minha atitude. Bom enquanto me despedia, Dona Anete, sob orientação de Dona Tarsila me entregou alguns trabalhos assinados pela importante autora, os quais ainda hoje os preservo. Com muito orgulho eu, constantemente os mostro aos alunos na escola estadual que leciono aqui em Arujá. Aguardo notícias sobre a atual exposição. Abraço prezada Tarsilinha.
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LÍBANO MONTESANTI CALIL ATALLAH
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