MEU COMENTÁRIO 17/12/2013
Líbano Montesanti Calil Atallah X JOSÉ RUFINO
MESTRE CHANG, AQUI COITADO, SÓ MATUSALÉM
MESTRE常,AQUI
COITADO,所以MATUSALÉM - 一個REVISTA ARTPONTO
Olha aí pessoal! Finalmente vamos falar de
valores ignorados pelos brasucas. Não pela absoluta minoria que conheceu e
admirou o velho e eterno mestre chinês. Aqui em Mogi das Cruzes, viveu e produziu, mas eu soube que recentemente, dezenas de trabalhos seus foram para o lixo depois de queimados
cruelmente. Eu fui atrás da pessoa, que os detinha, muito pobre e ignorante,
coitado. Eu não o encontrei e meu dinheirinho, gasto nas buscas infelizmente
não rendeu o fruto desejado. As obras já eram e foram também junto, às fotos de
uma apadrinhada noiva e Chang, que se deixou fotografar com ela. Então me
restou à experiência de comprovar que temos a dádiva de fazer com que Bens
Culturais incomensuráveis tenham como destino o desmanche, isso acontece todos os dias. Podem crer!
Eu canso de expor este lamentável episódio aos
meus alunos. Enalteço o mestre Zhang Daqian, e ridicularizo a nossa capacidade em ignorar que o que não é para se levar ao estômago, não tem valor. Fome é uma
coisa, mas comer os ovos de ouro da galinha que já morreu, é sabido, segundo
Grumpolis Miniaticun, que não dá. Choque-os, pô!
Nem adianta argumentar que somos paupérrimos,
precisamos de comida e ta dito!
Vejo pessoas formadas, aposentadas dizendo que
arte é pura enganação e que nada temos a fazer com essa porcariada.
Bom, especifiquemos, era um dentista.
Então eu retruquei: Não precisamos de dentista
também? Mas as paredes de sua residência são tomadas por obras de arte.
Outro caso: Estive em uma reunião, em Suzano, com
representantes do Ministério da Cultura. Na minha fala eu indaguei se para
comporem o Plano Nacional da Cultura do PT, eles ouviram nós os artistas. A
resposta foi imediata e fatídica, não! Não vamos pajear nenhum artista.
Tai! Viu?
Perguntei, ainda se eles conheciam o Maurício
de Souza. Se eles ouviram Brecheret. Se eles sabiam quem era Thomaz Ender. O
Volpi aqui também não foi ouvido. Perguntei se conheciam um dos maiores
pintores que o Brasil já teve, Gilberto Geraldo, que trabalha e vive em São
Petersburgo, natural de Santa Izabel. Esse cara, premiado, é muito importante, é novo e
está produzindo para expor no Museu daquela cidade, Rússia.
Como ele não precisa ser ouvido? Ora! Lá ele
foi.
Agora vejamos o Mestre Chang: Não foi ouvido,
foi ignorado, não foi preservado e acabou indo embora para onde se tornou um
mito das artes plásticas mundial.
É pouco?
Só que ainda temos valores incríveis nesta
nossa bendita região, a do Alto Tietê que são ignorados. Vemos de tudo menos um
Museu para instalá-los e divulgá-los.
Pobre é o mundo em nossas mãos! Deem para os
outros e não lamentem nunca!
Líbano Montesanti Calil Atallah
JORNAL DA UNICAMP
O Brasil na vida do ‘Picasso da
China’
Chang Dai-chien morou por quase
duas décadas no Estado de São Paulo na fase mais importante de sua carreira internacional
Texto:
Fotos:
Edição de Imagens:
Diana Melo
Assim como grande parte do Ocidente, o Brasil ainda não abriu os olhos
para a riqueza da arte chinesa. Essa é a opinião do historiador de arte José
Roberto Teixeira Leite, professor aposentado do Instituto de Artes da Unicamp e
estudioso da cultura da China. Um dos maiores exemplos disso reside na pouco
conhecida experiência brasileira do artista Chang Dai-chien (Zhang Daqian),
considerado por muitos como o maior pintor chinês do século 20. “O que nos
falta é mais familiaridade com a cultura chinesa”, afirma Teixeira Leite, autor
do livro A China no Brasil, publicado em 1999, pela Editora da Unicamp,
e que conta com um capítulo inteiro dedicado ao célebre artista chinês.
Chang Dai-chien (1899-1983) vive
um momento de grande destaque no mercado artístico internacional três décadas
após sua morte. Em 2011, o valor de suas obras negociadas em leilões fez dele o
artista mais valorizado do mundo, vendendo mais de meio bilhão de dólares, à
frente de nomes como o espanhol Pablo Picasso (1881-1973) e o norte-americano
Andy Warhol (1928-1987). Atualmente, a cineasta sino-americana Weimin Zhang,
professora assistente de Cinema na Universidade Estadual de São Francisco, está
dirigindo um documentário sobre o mestre chinês e pretende vir ao Brasil
conhecer os detalhes das quase duas décadas em que ele viveu na Região
Metropolitana de São Paulo, no município de Mogi das Cruzes.
“Chang tem várias facetas. A
mais importante é que ele era o mais antigo pintor tradicionalista chinês que
estava ainda vivo há pouco tempo. Ele pintava como se pintava no século 15, no
século 13 – e, cá entre nós, também falsificou muita coisa dessa gente, mas
muita coisa“, explica Teixeira Leite. Mesmo sendo reconhecido como um expoente
das tintas na China do século 20, Chang ficou famoso por ludibriar renomados
especialistas com as obras que forjava, emulando as técnicas e as
características de lendas da pintura tradicional chinesa. “Nunca se sabe, na
verdade, se são dele ou se são do camarada, tem essa nuvem escura sobre ele.
Inclusive houve um caso recente no Metropolitan, de Nova York, que foi um
escândalo. Uma das peças mais famosas, do século 10 [“Riverbank”, supostamente
atribuída ao pintor Dong Yuan], na verdade, era do Chang Dai-chien, pintada em
Mogi”.
A professora chinesa radicada
nos Estados Unidos afirma que sempre quis assistir uma produção audiovisual que
abordasse essa parte da vida dele e discorresse sobre a “busca artística” do
pintor. “Como cineasta, eu acho que a experiência de vida dele no Brasil é
extremamente importante, porque foi a que fez dele um mestre mundial, que
conseguiu conectar o Oriente ao Ocidente. E esse período foi, certamente, o
ponto alto de sua vida”, afirma Weimin.
Foi na fase brasileira, a partir
da década de 1960, que Chang adotou um novo estilo de pintura, que o aproximou
da arte ocidental e, de certa forma, significou uma ruptura com a pintura
tradicionalista que o tornou renomado. “O valor dele talvez esteja nesse último
momento, em que ele, com a visão já afetada, começou a pintar em névoas, em
neblinas e coisas assim enevoadas, o que se aproxima – e certamente não era
intenção dele – do abstracionismo expressionista”, opina Teixeira Leite.
“Naquela fase final, ele lança as tintas sobre o pergaminho, sobre o rolo, e de
repente aquelas tintas sugerem formas, e aí ele aprimora uma forma. Isso é algo
que ele criou. Nesse momento ele deixa de ser aquele pintor tradicionalista, do
século 11, e tenta uma aproximação com o século 20, ainda que, na minha
opinião, inconsciente. Foi uma faceta nova na arte dele.”
Muito da incompreensão sobre a
arte chinesa, segundo Teixeira Leite, pode ser atribuída a uma “falha da
academia brasileira”, por não se interessar no estudo da arte oriental. O
crítico de arte tentou, quando ainda lecionava na Unicamp, criar um núcleo de
estudos chineses na Universidade, em meados da década de 1990, mas não obteve
sucesso. Atualmente, Teixeira Leite tem um novo livro pronto, chamado “Por Trás
da Grande Muralha”, que deve ser lançado em 2014. A obra apresenta um enfoque
muito amplo sobre tudo o que se pensou e se viu sobre a China e os chineses no
mundo ocidental, de acordo com o autor.
A experiência de Teixeira Leite
revela que, mesmo atualmente, fora dos círculos artísticos, Chang não é
amplamente reconhecido. “Eu estive na China agora e falei algumas vezes sobre o
Chang Dai-chien, mas eles não conhecem ou fingem que não conhecem. Como ele foi
para o outro lado, foi para a ‘geladeira’”, ressalta o professor da Unicamp,
recordando que o pintor era contrário ao comunismo. Apesar de não ter conhecido
Chang pessoalmente, Teixeira Leite conheceu muitas das histórias da vida de
Chang por meio do artista Sun Chia Chin (1930-2010), um dos principais
discípulos do mestre chinês e que foi professor da Universidade de São Paulo
(USP).
Memória que se apaga
Um sentido de urgência guia esse projeto de Weimin, já que a maior parte
das pessoas que conviveram com o pintor já morreu ou está com idade avançada,
como o filho mais velho dele, Paulo Chang, de 86 anos, que mora no Canadá. Ela
trabalha no filme há cerca de um ano e meio, mas já há um trailer disponível no
site da produção (geniusofchangdaichien.com). A princípio, o filme havia sido
batizado provisoriamente como Genius of Chang Dai-chien (O gênio de
Chang Dai-chien, em tradução livre), mas o novo título provável será Searching
the Picasso of the East (Em busca do Picasso do Oriente, em tradução
livre).
Chang recebeu no Ocidente a
alcunha de “Picasso oriental” ou “Picasso da China” por ser o primeiro pintor
chinês a conquistar fama ao expor em grandes museus europeus e norte-americanos
e pela maestria com que revitalizou sua tradição artística. Nascido na
Província de Sichuan, no sudoeste da China, no final do século 19, Chang
percorreu o mundo apresentando suas obras e colecionando trabalhos de grandes
nomes das artes plásticas chinesas. Em sua coleção, reuniu os expoentes de
quase mil anos da pintura tradicional da China, que serviriam de inspiração
para suas obras.
Weimin já realizou entrevistas
com Paulo Chang, outros familiares e amigos e também com pesquisadores de arte
em Taiwan e nos Estados Unidos, mas ela ainda espera obter mais recursos
financeiros para poder dar continuidade ao projeto, o que inclui a vinda ao
Brasil. “A principal parte que falta é a do Brasil”, ressalta Weimin. Sua
expectativa é de concluir o documentário em 2014, mas isso ainda dependerá das
verbas disponíveis. Apesar disso, ela dispõe de um valioso acervo de 45 minutos
de filmes feitos sobre Chang durante sua estada em Carmel, na Califórnia, no
começo da década de 1970. Esse material inédito pertence à Universidade
Estadual de São Francisco e mostra Chang pintando e caminhando pelas belas
paisagens do Estado norte-americano. “Essas filmagens são muito preciosas, são
um tesouro para nós.”
A professora da Universidade
Estadual de São Francisco também estudou Artes, tanto na China quanto nos
Estados Unidos, o que oferece uma perspectiva diferenciada sobre a jornada de
Chang e seu legado artístico. “Atualmente, suas pinturas valem dezenas de
milhões de dólares. Certamente ele é um artista muito reconhecido dentro e fora
da China por seus trabalhos, mas ninguém parece se importar muito sobre sua
vida, sobre como ele percorreu esse caminho ao longo de sua vida. É por isso
que acredito que seja importante fazer um documentário, para permitir que as
gerações futuras compreendam isso.” Segundo Weimin, o momento para esse resgate
é oportuno, pois “a singularidade de seu trabalho está definitivamente se
tornando mais reconhecida no mundo”. A pesquisa compreende também uma extensa
pesquisa bibliográfica sobre Chang, incluindo suas biografias publicadas na
China e nos Estados Unidos.
O único documentário produzido
sobre Chang no Ocidente foi o filme norte-americano Morada da Ilusão (Abode
of Illusion), de Carma Hinton e Richard Gordon, lançado em 1993 e exibido
pela primeira vez para a audiência brasileira na TV Cultura em maio de 2011.
Para Weimin, a produção dedicou espaço demasiado para a controvérsia que
envolve Chang como um falsificador de pinturas clássicas chinesas, algo que ele
fez com maestria, mas que, na opinião dela, representa apenas uma faceta do
rico personagem. Paulo Chang, filho que mais tempo conviveu com o artista,
também considerou Morada da Ilusão, em entrevista ao autor desta
reportagem, em 1999, como sendo “mal filmado” e “mal documentado”.
A cópia de obras clássicas é um dos
métodos mais comuns na China para se aprender a arte da pintura. E esse
processo de aprendizagem é totalmente diferente da experimentada na tradição européia.
“Na arte chinesa, não é bem falsificação. Não há uma intenção dolosa, e sim de
honrar o passado, de emular. Ao contrário do ocidental, o que o artista chinês
menos quer é inovar, ele quer igualar ao passado, e isso não é falsificação”,
aponta Teixeira Leite. Na sociedade chinesa, tradicionalmente não se aprende
teoria e prática com um professor, em um modelo de escola de arte, mas sim por
meio da relação entre mestre e aprendiz, que se dedica a reproduzir as técnicas
do artista. “Quando Chang pintava essas coisas – e ele pintava e dizia a
satisfação que tinha com isso –, não era para ganhar dinheiro. Era para se
dizer ‘eu sou tão bom quanto esse camarada’, e, às vezes, dizer ‘eu sou melhor
que esse camarada’. Ele era meio cabotino.”
Sob esse modelo tradicional de ensino foi formado o pintor chinês Sun
Chia Chin, um dos principais aprendizes de Chang. Sun veio ao Brasil no começo
dos anos 1960 com o objetivo exclusivo de conviver com o mestre e extrair o
máximo de ensinamentos que pudesse ao praticar a arte dos pincéis e das tintas.
Em entrevista ao autor desta reportagem em 2003, Sun afirmou que morou durante
três anos na casa do pintor e que foi integrado à família como se fosse um
filho. “Eu vivia com ele, que me mostrava sua coleção e dizia como era uma
pintura boa. Ele me explicava como apreciar a obra antiga e como saber separar
as dinastias, um estudo em profundidade”, lembrou Sun na época, se referindo à
importante coleção que Chang amealhou.
O “Picasso chinês” deixou a
China continental em 1948, pouco antes da Revolução Comunista, tendo vivido em
Hong Kong e na Argentina. No final de 1953, Chang veio para o Brasil a convite
de um amigo e acabou se fixando, com mulher e sete filhos, em Mogi das Cruzes,
atraído pela beleza natural da Mata Atlântica. Inicialmente, morou em uma casa
próxima ao centro de Mogi – ainda existente, apesar de modificada – enquanto
construía uma grande propriedade na zona rural do município. Só deixou o país
em 1970, quando soube que o sítio de seis alqueires que com tanta dedicação
modificara seria inundado por uma represa. Depois de um período vivendo nos
Estados Unidos, em 1976 mudaria definitivamente para Taiwan, onde ficaria até o
fim de seus dias. Depois que deixou o território brasileiro, manteve poucos
vínculos aqui, mas ao menos dois de seus filhos e alguns netos permaneceram
morando no Estado de São Paulo nas décadas seguintes.
Chang Dai-chien teve uma fecunda
produção artística, cujo volume é estimado por seu filho Paulo Chang em mais de
30 mil obras. No final dos anos 1950, quando já era famoso na Europa e premiado
na América do Norte, o mestre expressou sua visão sobre o ofício da pintura e o
papel do artista da seguinte maneira: “O pintor é a divindade de seu próprio
mundo, investido com a prerrogativa de criar qualquer coisa que ele tenha
vontade. Em suas pinturas, ele pode representar o papel do Criador e fazer
chover ou fazer o sol brilhar sem receber ordens de qualquer outra força
existente.”
Museu do RS é um dos únicos a
ter obra do artista no Brasil
A Pinacoteca Ruben Berta, em
Porto Alegre (RS), é um dos únicos museus brasileiros que contam com uma obra
de Chang Dai-chien em seu acervo. Apesar de ter sido extremamente profícuo em
seus 84 anos de vida, o mestre chinês ainda encontra pouco espaço nas galerias
e coleções do Brasil. A obra Passeio ao Longo do Rio Apreciando as Flores
das Ameixas havia sido adquirida, em 1966, pelo jornalista e empresário
Assis Chateaubriand, e doada ao Museu de Porto Alegre. No entanto, por décadas
a valiosa pintura permaneceu incógnita no acervo técnico, já que as referências
ao título correto e ao autor se perderam com o tempo. Flávio Krawczyk, diretor
do Acervo Artístico da Pinacoteca Ruben Berta, explica que a identificação da
autoria somente ocorreu depois que uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo,
de outubro de 2003, alertou o museu sobre a doação citando notícias publicadas
na década de 1960. “Então, nós chamamos um tradutor de chinês que olhou algumas
inscrições que havia na obra e, a partir dessa tradução, concluímos que era a
obra referida.”Em julho deste ano, Passeio ao Longo do Rio Apreciando as
Flores das Ameixas foi destaque na exposição Expresso do Oriente, realizada
pela Prefeitura de Porto Alegre no Paço dos Açorianos, no centro da capital,
juntamente com quadros de artistas como Tomie Ohtake e Manabu Mabe, entre
outros. Krawczyk destaca que a obra de Chang já integrou outras exposições na
cidade nos últimos dez anos. “Não sei se existe algum outro museu público que
tenha uma obra de Chang no Brasil. Eu desconheço. E nós ficamos muito honrados
com isso”, declarou o diretor da pinacoteca gaúcha.
A capital paulista também pôde
apreciar neste ano algumas das obras do “Picasso chinês”. Entre maio e agosto,
a exposição Seis Séculos de Pintura Chinesa, com parte da coleção do
Museu Cernuschi, de Paris, trouxe para a Pinacoteca do Estado de São Paulo dez
obras de Chang feitas entre as décadas de 1940 e 1950. Segundo o museu
paulista, a exposição foi uma das mais vistas dos últimos anos, com cerca de
cem mil visitantes. Esse volume é comparável ao público registrado em mostras
de artistas como Tarsila do Amaral (1886-1973) e Alberto Giacometti
(1901-1966). Tarsila Viajante, em 2008, totalizou 108 mil visitantes,
enquanto a retrospectiva do pintor suíço atraiu, em 2012, 130 mil pessoas à
Pinacoteca.
A Pinacoteca, entretanto, perdeu
a oportunidade de oferecer, aos visitantes de Seis Séculos de Pintura
Chinesa, mais informações sobre a relação de Chang Dai-chien com o Brasil.
Como não havia um catálogo impresso à venda – o museu optou por disponibilizar
apenas o catálogo digital, no site da instituição –, não era possível para o
visitante saber que grande parte da produção artística do célebre artista
oriental havia sido produzida a menos de cem quilômetros da capital paulista,
entre as décadas de 1950 e 1970. Apenas aqueles que tiveram contato com o
catálogo eletrônico puderam saber dessa pouco conhecida história.
Chang expôs em vários museus e
galerias brasileiros no período em que morou aqui, como na 6ª Bienal
Internacional de Artes em São Paulo (1961), no Museu de Arte de São Paulo
(1966), no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (1966) e em galerias
paulistanas como Atrium (1968), Chelsea (1971) e A Galeria (1973).
Telas alcançaram preço recorde
em 2011
As obras de Chang Dai-chien vendidas em leilões em 2011 somaram US$ 550
milhões, fazendo do mestre chinês o artista mais valorizado daquele ano. O
renomado pintor asiático, que viveu o auge da carreira no Brasil, conseguiu
bater nesse ranking seu amigo Pablo Picasso, que havia ocupado o primeiro posto
por 13 vezes nos últimos 14 anos, segundo a consultoria Artprice. Os quadros do
espanhol, que conheceu Chang em 1956, numa visita do chinês ao sul da França,
totalizaram US$ 315 milhões, o que o deixou atrás também de outro chinês, Qi
Baishi (US$ 510 milhões), e de Andy Warhol (US$ 325 milhões).
A valorização ocorrida nas obras
de Chang na última década está diretamente relacionada ao crescimento
exponencial do mercado de artes na China nos últimos anos. No ano passado, a
China respondeu por 40% do mercado mundial de artes. Praticamente todo catálogo
de leilões de arte chinesa atualmente contam com pelo menos uma obra de Chang.
Em 2011, a obra Lotus and
Mandarin Ducks, de 1947, bateu recorde ao atingir um preço final mais de
dez vezes acima do preço mínimo, sendo vendido na Sotheby’s de Hong Kong por
US$ 24,5 milhões. Naquele ano, dos mais de 1.300 lotes com obras de Chang
oferecidos em leilões pelo mundo, somente seis ocorreram fora da China, sendo
quatro em Nova York e dois em Paris, segundo a Artprice.
Em 2012, Chang não obteve tanto
sucesso, mas mesmo assim vendeu US$ 287,2 milhões, o que o deixou em 2º lugar
do ranking, atrás somente de Warhol, que somou US$ 329,9 milhões. Picasso, que
se tornou amigo de Chang na década de 1950 e inclusive o presenteou com uma
obra que adornava a residência do chinês em Mogi das Cruzes, ficou na terceira
posição, depois de vender US$ 286 milhões.
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